domingo, 21 de junho de 2009

Exposição de vídeo Guignard


Interação e mobilização social através da arte foram os elementos principais para a produção do vídeo "Domingo no Parque", um trabalho realizado em parceria com meu companheiro, o artista plástico Alexandre Braga, e apresentado na Amostra de Vídeo Guignard, entre os dias 3 e 5 de junho de 2009.


Na instalação Epistemológicos Revolucionaris, cores e luzes se transformam em brincadeira para as pessoas que passam pelo jardim do Parque Municipal de Belo Horizonte. Palavras são colocadas como sementes dessa "planta" que propõe questionamentos sobre o modo de vida da sociedade contemporânea e sua relação com o mundo.



A estética produzida pelo papel celofane e os conceitos de liberdade são referência para a ação que acontece no lago, uma proposta que traz aquários passeando pelas águas e abre caminho para um novo contato com as pessoas que se divertem nesse espaço.




Lola, um fragmento de mundo

Contos, poemas e desejos se misturam nesse livro-objeto que traz a vida da prostituta Lola como ponto de partida para questionar a sociedade preconceituosa de Belo Horizonte em 1950. O trabalho foi desenvolvido durante a Pós-Graduação Processos Criativos em Palavra e Imagem, da Puc Minas, em maio de 2009.



A personagem central da obra vai além da síntese de palavras que sugerem uma realidada. Lola é peça chave para fundamentar a ficção, caracterizando-se pelo conflito de valores sociais e enfrentamento de situações-limite, como o aspecto trágico e as perturbações do autoconfinamento físico, ao mesmo tempo em que contrapõem características de intensa liberdade psicológica. É sem dúvida uma personagem redonda, circundada de dicotomias.




Na obra, a personagem Lola concentra a força da narrativa, a historia é construída a partir do seu mundo particular, e são suas confusões mentais que dão o tom tenso da trama. É através de Lola, representada em textos, objetos, elementos gráficos e sensitivos, que se estabelece a produção de sentido para o leitor e com total participação desse na construção desse processo. É através da personagem esférica, com todos os seus questionamentos, aflições e duvidas que o leitor criativo pode romper o limite do imaginário.

O espaço da trama funciona como importante operador de leitura e elemento constitutivo da personagem e do livro, apontando os aspectos sociais, psicológicos, metafóricos, físicos, cartográficos e intertextuais. A brincadeira da narrativa fragmentada em diferentes suportes textuais (contos, diário, poemas) propõe um papel ativo do leitor na compreensão, através da unificação e organização dos elementos, e reafirma a ideia de uma Lola em rompimento com os padrões convencionais de sua época, em constante imprevisibilidade.


TEXTOS


Kaza Vazia - instalação "Safadezas"




De 16 a 30 de setembro de 2007 aconteceu a 5ª edição Kaza Vazia. Trata-se de um coletivo de artistas que tem como proposta a apropriação de espaços esquecidos ou desabitados da cidade para a realização de experimentações e intervenções artísticas que resgatam a vivência dos ateliês coletivos.

O movimento teve início em 2005, por iniciativa de um grupo de estudantes da Escola de Belas Artes da UFMG e a cada edição da Kaza, forma-se um novo grupo de artistas, incluindo participantes de outras edições e novos integrantes.

Nesta edição, a Kaza Vazia contou com a participação de 24 artistas (alguns com especializações indiretamente ligadas à arte) de Belo Horizonte, representantes das mais diversas poéticas, e que trabalham com procedimentos e conceitos ligados à pintura, instalação, gravura, performance, poesia, etc.

A ocupação foi feita em uma casa tombada pelo patrimônio histórico, situada à Rua Leonídia Leite, no bairro Floresta, que já foi residência de Otacílio Negrão de Lima (ex-prefeito de Belo Horizonte nos anos 1935 - 1938). A casa foi gentilmente cedida pela Casa de Cultura Simão, de Cataguazes.

Os artistas passaram por um período de residência na casa, entre os dias 16 a 28 de setembro com objetivo de recolher informações, vivenciar e refletir sobre o espaço, seu entorno e a vizinhança a fim de recolher subsídios para suas intervenções artísticas. A casa foi aberta à visitação pública nos dias 29 e 30 de setembro. No último dia de exposição, ocorreu a Meza Vazia, com a participação de diversos convidados do meio artístico, que debateram o tema “Coletivos Artísticos: vias, processos e atuações”.

Safadezas


O conto erótico "Safadezas: membros, orifícios, cheiros e desejos" foi meu ponto de partida para criar a instalação que ocupou um quarto no porão do Kaza Vazia V. O texto relata um momento entre quatro mulheres que se misturam na cama. O objetivo do trabalho foi recriar a atmosfera desse encontro naquele espaço de quatro paredes baixas, abafadas pelo teto e as janelas pequenas. E para isso... as paredes ganharam letras de tinta vermelha remontando trechos do conto e uma cama ocupou o centro do espaço, além de elementos como vinho, música, uvas, velas, incenso e luzes vermelhas.