domingo, 25 de outubro de 2009

Imagens Invisíveis



“Quem, na cidade, tem mobilidade e pode percorrê-la e esquadrinhá-la acaba por ver pouco da cidade e do mundo. Sua comunhão com as imagens frequentemente pré-fabricadas, é a sua perdição. Seu conforto, que não desejam perder, vem exatamente do convívio com essas imagens. Os homens “lentos”, por seu turno, para quem essas imagens são miragens, não podem, por muito tempo, estar em fase com esse imaginário perverso e acabam descobrindo as fabulações. A lentidão das cores. A lentidão dos corpos contraria com a celeridade dos espíritos?”

SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo. São Paulo: HUCITEC, 1997, p.84. Metrópole: a força dos fracos é seu tempo lento.


Processos criativos
Imagens Invisíveis

Os processos intuitivos são a base para o trabalho desenvolvido por Juarês Gomes Martins para a construção do vídeo Imagens Invisíveis, a gravação aleatória, sem roteiro pré-definido, foi pautada pelo repertório de imagens adquiridas até a adolescência, quando se tornou cego, e motivada por figuras referenciais como motivação para sua seleção pessoal dos objetos e situações filmados. O conjunto de cenas constitui-se claramente como uma dobra, articulando uma nova relação entre os elementos tradicionais, uma maneira particular de perceber o espaço que se utiliza da sensibilidade e da experiência, uma forma que se encontra fora da “visão”. Pode-se afirmar assim que o espectador experimenta também um novo espaço.

Trabalhando a sensibilidade do outro, a percepção do “homem lento”, como diria Milton Santos, o vídeo foi criado no intuito de buscar um olhar mais íntimo e particular possível, por isso optou-se por permitir que o outro fosse o único cinegrafista da obra. Assim, a temática da alteridade foi trabalhada a partir do “olhar” singular de Juarês. Essas particularidades enriqueceram o processo criativo e permitiram uma reflexão acerca do contexto que estava sendo proposto. O roteiro foi traçado a partir, exclusivamente, do olhar do outro (Juarês). Havia o desejo de que seu “rosto” sobressaísse e o espectador tem contato com essa experiência através da edição final do material.

Trabalho apresentado no curso de Pós-Graduação Processos Criativos em Palavra e Imagem - PUC/MG


A varanda e suas paisagens sensoriais


Fumamos um rasta gostoso e bebemos duas caipirinhas que ele preparou. Sentamos a mesa e conversamos. Ele contou de Sampa e eu fui abrindo espaço para sorrisos, elogios e amor.


Levantei para colocar um som e foi a primeira vez que ele pode ver a roupa: blusa fina e transparente preta, calcinha de cordinha de strass, cordão brilhante no pescoço descendo até o umbigo. Sua reação: - Nossa!


Voltei meio tímida e ele me puxou para perto. Disse que estava com fome e ele se ofereceu para fazer um lanche. Preparou uma pizza de molho ao sugo, tomates, queijo canastra, alho, queijo mussarela, alho porro, coentro, pimenta calabresa. A cozinha exalava um aroma bom. Parecia uma receita tirada do livro Afrodite, de Isabel Allende, uma maravilhosa receita erótica com especiarias. Dos elementos utilizados, só a massa escapava da lista de ingredientes afrodisíacos.


Com a pizza no forno ele se sentou e me puxou para o colo. Exatos 12 minutos e estaria pronta. Conversamos. No meio dos assuntos disse que esperava que ele me visitasse antes de ir viajar.


- Mas você ia me prender aqui?

- Não. Já tinha pensado num argumento para você me querer e ir embora depois.

- Qual?

- Hilda Furacão fazia seus homens irem ao paraíso em menos de cinco minutos.

- Então faça agora. O que você pode fazer em cinco minutos?

Corei para falar: - Não sei. É apenas um argumento.

- Eu sei o que fazer. Muitas coisas.

Olhei para o relógio: - Faltam quatro minutos para a pizza ficar pronta.


Começamos a nos beijar afobadamente. Correndo os lábios um do outro. Ele me levantou e me jogou contra a porta da varanda, ao lado da cozinha. Beijou meu corpo todo e colocou seus dedos safados na cona que já estava molhada. Peguei seu pau que saltava das calças e espremi no meio das pernas. Minhas costas batiam na parede. Fui devorada, senti rasgar minha pele e arder um fogo no ventre. Recebi suas estocadas de frente, com as pernas trançadas em sua cintura. Seus dedos apertavam a bunda e puxavam a cordinha da calcinha. Seu pau invadia sedento minhas coxas. Os seios já estavam soltos da blusa e dentro da boca dele. A pizza cheirava forte e eu estava no paraíso em quatro minutos.


Tiramos a pizza do forno e colocamos ali na mesa, na nossa frente. O cheiro era melhor que o perfume de ervas usado no banho. De cara para a pizza e com a bunda arrebitada continuei me deixando levar até o gozo.


Sentamos à mesa, e a luz vermelha do jardim ainda refletia em nossos corpos. A pizza estava maravilhosa.